O cenário para o mercado imobiliário em 2024 pode ser encarado como otimista. E esse viés positivo dos especialistas tem a ver, entre outros fatores, com a perspectiva de redução da taxa Selic. O índice teve uma forte redução já no final do ano passado, estando hoje fixado em 11,75% e as consequências poderão ser vistas já neste ano.

Mas por que o mercado de imóveis é tão influenciado pelas oscilações da taxa referencial de juros? Primeiramente, é necessário ter claro o conceito desse índice e como ele é definido. A Selic é um índice econômico e é mais conhecido como a taxa básica de juros no Brasil. Isso se deve ao fato de que ela serve de referência indiretamente, à grande maioria das taxas de juros praticadas no país. Sendo assim, seus movimentos têm consequências nos sistemas econômico e financeiro. Seus direcionamentos refletem na inflação, nas diversas aplicações do mercado financeiro, até nas taxas de câmbio, entre outros fatores.

Estabelecida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, a definição da Selic mira, primariamente, o controle inflacionário, porém tem impactos diretos, também, na dinâmica das contas públicas, atividade econômica, balança comercial, entre outros. O Banco Central opera via oferta de títulos públicos disponíveis no mercado, comprando ou vendendo os mesmos para garantir o equilíbrio entre oferta e demanda monetária.

O principal impacto da queda da Selic sobre o financiamento imobiliário é a potencial redução dos juros cobrados pelas instituições financeiras. A taxa referencial serve de base para diversas operações de crédito no país, incluindo os financiamentos imobiliários. Portanto, quando a Selic cai, os bancos tendem a reduzir – ainda que não na mesma proporção – as suas taxas de juros para manter a competitividade no mercado.

“Com o índice em queda, considerando um cenário de inflação controlada e estabilidade econômica, as linhas de crédito tendem a ficar mais baratas para quem deseja contrair dívida via financiamento imobiliário. Dessa forma, aumenta-se a demanda potencial para aquisição de imóveis diante de parcelas menores e rendas elegíveis para aprovação do crédito”, explica José Eduardo Machado, cofundador e CFO do Meu Imóvel, plataforma digital focada no mercado imobiliário como uma estratégia para envolver os interessados na decisão de compra e, ao mesmo tempo, gerar leads inteligentes e assertivos. “O racional contrário vale também, se a Selic está muito alta, o custo dos empréstimos e financiamentos também tende a aumentar, inviabilizando negócios”.

José Eduardo ressalta que, com a diminuição dos juros, as parcelas do financiamento imobiliário também são reduzidas, tornando o pagamento mais suave, se encaixando no orçamento dos compradores. Aliado à queda de juros, um cenário de estabilidade econômica reflete na geração de empregos e consequentemente em aumento do poder de compra daqueles que pretendem financiar a casa própria, crescendo, também, a confiança dos consumidores em assumir uma dívida relevante e de longo prazo.

“A redução na taxa Selic pode trazer, ainda, um incentivo ao investimento em imóveis, já que a queda no índice pode diminuir a atratividade de investimentos em renda fixa, como títulos públicos e papéis de bancos, direcionando investidores para o mercado imobiliário em busca de um maior retorno proporcionado pela valorização dos imóveis e dos contratos de aluguel”, destaca o CFO do Meu Imóvel. “Além disso, a queda da Selic estimula o crescimento do setor da construção civil, já que, com custos de financiamento mais baixos, incorporadoras e construtoras podem expandir suas operações, gerando empregos e impulsionando o crescimento do setor”, lembra José Eduardo.